Amsterdam
Amsterdam é a capital dos Países Baixos (Netherlands), mais
conhecido como Holanda.
Foto: Nanci Flemming Brito
A Holanda é um país
literalmente arrebatado ao mar. Os batavos, como também
são conhecidos os holandeses, construíram uma imensa rede de diques e canais. Utilizando moinhos vento drenaram a água do mar e evaporaram o sal. Com um imenso trabalho
converteram milhares de hectares de pântanos salobres em terra boa para o
cultivo e pastagem e em suas pequenas fazendas produzem milhões de litros
de
leite e toneladas de deliciosos queijos.
Amsterdam. Centro. Foto : Adalberto Brito
A CIDADE
Amsterdam é uma cidade fantástica.
Nela convivem pessoas de centenas de origens, tradições e religiões. Não há conflitos, distúrbios, assaltos, violência. Em nenhum outro
lugar vi a prática do maior dos princípios democráticos: o meu direito termina,
quando começa o do outro.
A capital dos Países Baixos é uma cidade de porte médio, cuja área central
pode ser percorrida a pé sem grandes dificuldades.
Estação Central de Amsterdam. Foto: Adalberto Brito
Meu ponto de referência sempre foi a estação central, um
belíssimo edifício concluído em 1889, por onde passam- segundo os guias- mais
de 250 mil pessoas por dia.
Dela partem trens para toda a Holanda e demais países
europeus. No seu interior funciona um prático centro comercial onde se pode comprar
pães, frutas, refeições prontas, gulodices, livros, jornais, roupas, artigos de
higiene pessoal, quase tudo que o viajante necessite para o dia a dia.
Em frente há um ponto de táxi, paradas de ônibus e bondes e do outro lado da praça o atracadouro de barcos turísticos que levam os visitantes às principais atrações da cidade.
Pessoas, bondes, ônibus e milhares de bicicletas. Cada um no seu lugar. Viva Amsterdam!
A partir da estação central você pode, caminhando, chegar às principais atrações da cidade, a Praça Damm, o Palácio Real, o Mercado das Flores, Museus e a Casa de Anne Frank.
Para voltar é fácil, basta seguir os trilhos dos bondes.
CUIDADO COM AS BICICLETAS
O trânsito de automóveis e outros veículos motorizados é
calmo e silencioso. Passagens para pedestres em que V. pode (apertando um
botão) parar o tráfego para passar e sinalização perfeita, oferecem pouco risco
aos transeuntes. O perigo, no entanto, está nas milhares de bicicletas que
enchem as ruas da cidade e cujos condutores esperam que V. deles se esquive.
Não espere que o ciclista lhe ceda a passagem. Ele não vai parar.
COMIDA E BEBIDA
Existem centenas de cafeterias e restaurantes em Amsterdam,
de todas as cozinhas do mundo, alemã, francesa, italiana, húngara, chinesa,
portuguesa, tailandesa, argentina, brasileira e até holandesa.
Não se espante se o dono do restaurante argentino for
filipino e o garçom italiano. Os menus são, no entanto, quase sempre típicos
dos diversos países. Assim, V. vai encontrar churrasco e parillada nos
restaurantes argentinos e bacalhau nos portugueses.
Nas ruas, pequenos estabelecimentos vendem deliciosas
salsichas e arenque cru e defumado. Engolir um arenque cru inteiro, garganta
abaixo, é feito épico para qualquer turista. Tente!
Os preços são, de maneira geral, honestos.
Num bom restaurante:
Refrigerante: 2,25 Euros.
Prato de macarrão: 15 Euros.
Filé de salmão: 19,50 Euros.
Cesar salad: 12,25 Euros.
COMPRAS
Como toda cidade europeia, Amsterdam está cheia de lojas
para todos os gostos e bolsos. Das populares HM e C&A a butiques de preços
estratosféricos. A Holanda não é um país barato. Lembre que um belo dia (não muito distante) vai chegar a fatura do cartão de
crédito.
Queijos, chocolates, cerâmicas, tamancos típicos de madeira e
miniaturas em porcelana, bijuterias e canecas são boas sugestões de
presentinhos que podem ser adquiridos sem susto.
Artigos de boa qualidade (xampu, sabonete, creme de barbear,
camisetas, presentes, artigos para cama, mesa e cozinha, etc.) e preços baixos
V. vai encontrar na HEMA, uma rede de lojas espalhada por todo o país.
É tipo uma loja de 1,99, mas com grande variedade e qualidade.
Em Amsterdam não há shoppings como os brasileiros. Enormes
lojas de departamento e ruas de comércio são os locais onde se pode gastar
dinheiro.
Gostei muito de duas destas lojas de departamento: De Bijenkorf e Magna Plaza, na Praça Damm.
Instaladas em belíssimos edifícios, oferecem de artigos de alto luxo a chocolates e pequenas lembranças.
Na primeira você vai encontrar um andar com dezenas de opções para almoçar e
lanchar.
Você escolhe o tipo de comida que deseja, pega uma bandeja e vai montando o seu prato. Tudo é feito na hora, na sua frente. O salmão é magnífico.
No térreo há
uma fantástica cafeteria com os deliciosos doces holandeses (não há doces sem
açúcar).
TEMPO
Mesmo no verão as temperaturas raramente passam de 20 graus.
No inverno é muito frio. Abril e maio, no meu ponto de vista, são os melhores
meses para visitar o país. É a época de florescimento das tulipas. Alguns dias
são ensolarados e quentes.
Chove muito. A chuva, no entanto, compõem a paisagem e não
tiram nem um pouco o encanto da cidade.
LÍNGUA
A língua dos holandeses é simplesmente incompreensível.
Embora utilizem o nosso alfabeto, com algumas letras e sinais diferentes, são
tantas consoantes em uma palavra que pronunciá-las é tarefa fora das nossas
brasileiras possibilidades.
Como um bom país de comerciantes, a língua não vai
atrapalhar a sua estada, pois todos vão tentar entender o que V. quer. O inglês
e o alemão são línguas correntes que a imensa maioria da população fala
fluentemente.
HOSPEDAGEM
Dezenas de hotéis oferecem opções de diárias que vão de 90 a
400 Euros. Todas as grandes redes internacionais têm propriedades em Amsterdam.
Hospedei-me no Ibis Amsterdam Center e no Doubletree by Hilton
Hotel Amsterdam Centraal Station (antigo Mint Hotel), com preços por volta de
99 a 200 Euros (dependendo da data e antecedência da reserva). São dois ótimos
(embora sem luxo) hotéis com a melhor localização possível, ao lado da Estação
Central.
O café da manhã costumeiramente não
está incluído na diária. Ande alguns metros em direção da estação central e vai
encontrar dezenas de cafeterias e restaurantes com preços acessíveis (há uma
Starbuck e no segundo piso da estação dois excelentes restaurantes que oferecem
um excelente breakfast).
A cidade é mais movimentada e os
hotéis mais caros nas últimas semanas de abril, quando o florescimento das
tulipas atrai milhares de turistas, principalmente nos dias que antecedem o
aniversário da Rainha (30 de abril).
O dia da Rainha
O Dia da Rainha é uma festa
imperdível. Os holandeses, de todos os cantos, vão para Amsterdam. A cidade se
pinta de laranja (a cor nacional). Nas ruas se montam barracas de livros,
roupas, aparelhos eletrônicos, quinquilharias, alimentos- tudo vendido sem
imposto. Nos canais, barcos enfeitados. Muita cerveja, muita música. É o
carnaval holandês.
Embora as cores da bandeira holandesa sejam a branca e a azul, laranja é a cor nacional. Esta é a cor da família real holandesa que descende da Casa de Oranje-Nassau, fundada por Willem Van Oranje (laranja) que expulsou os espanhóis dos Países Baixos.
OS MUSEUS
Se você gosta de arte: Rijksmuseum,
Van Gogh Museum e Stedelijk Museum.
A CASA DE ANNE FRANK
Visitar a casa de Anne Frank é uma experiência emocionante. Nesta visita V.poderá conhecer de perto os
horrores do Holocausto (assassinato de milhões de judeus pelos nazistas durante
a segunda guerra mundial).
Anne Frank foi uma menina holandesa de uma família judaica, uma das milhares de vítimas da incompreensível perseguição aos judeus movida pelos nazistas nos países dominados pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Na casa de Anne V. poderá visitar os
compartimentos onde duas famílias ficaram escondidas das tropas alemãs de julho de 1942 a agosto de 1946 quando foram
denunciadas e presa, seus móveis, utensílios, fotografias e originais dos escritos de Anne.
No esconderijo, a pequena
Anne Frank então com 15 anos, escreveu um diário em que conta seus sonhos,
esperança e medo.
Depois da guerra os manuscritos de Anne (que morreu no campo
de concentração) foram descobertos por seu pai. Publicado, o “Diário de Anne
Frank” tornou-se um dos livros mais lidos do mundo.
No museu da Casa de Anne
Frank você poderá assistir ainda documentários que relatam a história de Anne e dos judeus holandeses.
No edifício há uma cafeteria e uma loja de recordações.
Outros passeios...
JORDAAN
Um bairro animadíssimo,
cheio de estudantes, cafés e pequenas lojas e galerias de arte.
VONDELPARK
Um imenso, verde e tranquilo
parque para recarregar as energias.
MUSEU DO DIAMANTE
Poderá ver como um diamante
é lapidado e comprar de caríssimas joias a pequenas lembranças. Procure um
balcão onde poderá comprar pulseiras e correntes de ouro em metro. Ouro
autêntico a preços bem razoáveis.
HEINEKEN EXPERIENCE
A antiga sede da famosa cervejaria
que você poderá visitar e saborear.
MUSEU JUDAICO
E SINAGOGA PORTUGUESA
Marca da presença judaica
nos Países Baixos. Na Sinagoga se conserva o banco em que sentava Baruch
Spinoza.
Baruch ou Benedictus de Spinoza, pensador holandês de origem
judaico-portuguesa que, por sua visão teológica conflitante com a Tradição e com a intelectualidade local, foi excomungado da comunidade na
Sinagoga Portuguesa de Amsterdam. Apesar da excomunhão, Spinoza continuou a
escrever e defender suas ideias. Faleceu na cidade de
Haia.
PASSEIOS FORA DE AMSTERDAM
Zaanse Schans- Windmills
(Moinhos de vento). Uma pequena aldeia com suas casas típicas onde você poderá
ver os famosos moinhos de vento e visitar uma fábrica de queijos artesanais.
Além de ter uma demonstração da fabricação do queijo poderá provar uma
infinidade de variedades. Compre um apetitoso Gouda, mas não poderá trazê-lo
para o Brasil.
Volendam- Uma aldeia de
pescadores. Bonita, interessante e onde V. poderá desfrutar de uma saborosa
refeição (de peixe, é claro).
Keukenhof – Exposição de flores. São mais de 30 hectares de magníficos
jardins. Nos meses de Março, Abril e Maio, a época de florescimento das
tulipas, V. ficará maravilhado com a profusão de cores e variedades.
Imperdível.
A HISTÓRIA
Amsterdam (Amstel- rio, dam-dique), nasceu no século XII.
Seus primeiros habitantes construíram diques nos pântanos nas margens do rio
Amstel e passaram a controlar a passagem de mercadorias que vinham do mar
Báltico. O primeiro destes diques ficava onde hoje está a Praça Dam (dam= dique),
a mais importante da cidade.
A pequena aldeia cresceu e prosperou. Com o tempo, os Aemstelledammer,
passaram
a construir barcos, fabricar cerveja e a comerciar arenque. Em 1275 ganharam do
Conde de Holanda privilégios de uma cidade livre, isto é, passaram a ter suas
próprias leis.
No século XV as perseguições da
Inquisição e a expulsão ordenada pela monarquia espanhola trouxeram para
Amterdam centenas de judeus sefaradis (Sefarad- Península Ibérica) a que se somaram mais tarde muitos
outros fugidos de Portugal.
O capital, conhecimento científico e tecnologia
trazidos pelos judeus se somaram ao natural empreendedorismo dos comerciantes
locais, fazendo com que a região tivesse um extraordinário desenvolvimento.
No final do século XVIO navios de mercadores holandeses passaram a cruzar o Atlântico e o Índico, trazendo e levando mercadorias.
Em 1602 fundou-se a Companhia das Índias
Ocidentais, a primeira grande empresa multinacional da história. Foi
esta companhia que financiou a implantação da lavoura de cana de açúcar no
nordeste brasileiro, que se tornou o maior centro produtor de açúcar
do mundo. O açúcar, que na época alcançava altos preços no mercado mundial, enriqueceu a Companhia, o governo português (com os impostos), os donos de
engenho, comerciantes portugueses e Amsterdam que viveu o seu século de ouro. Não se pode esquecer, no entanto, que esta riqueza foi alcançada com o trabalho e sofrimento dos escravos negros trazidos da África e que eram as mãos e os pés do Senhor de Engenho (Antonil).
Em 1580 o Brasil passou para o domínio espanhol e os holandeses perderam a
concessão do comércio do açúcar. Em 1630 uma esquadra financiada pela Companhia das
Índias Ocidentais invadiu Pernambuco. Recife tornou-se a nova capital do Brasil Holandês. A cidade cresceu, foi embelezada e como Amsterdam,tornou-se um lugar de
liberdade. Um grande número de judeus ali se estabeleceu a quem se juntaram
famílias que tinham sido obrigadas a se converter ao catolicismo pelo governo
português (cristãos novos). Em Recife foi aberta a Kahal Zur Israel
(Congregação Rochedo de Israel), a primeira sinagoga (lugar de oração judaico)
do continente americano.
Em 1654 os holandeses deixaram o Brasil e com eles foram a
maioria dos judeus que vivia no Recife. Um grupo acabou desembarcando em Nova
Amsterdam (atual Nova York) e teve importante papel nas primeiras décadas da
cidade (onde existe um cemitério dos portugueses). Nela fundaram a congregação
Shearit Israel, a primeira comunidade judaica dos Estados Unidos.
Em
Amsterdam, nesta época, começaram a
ser construídos os belos canais que cortam a cidade e houve o florescimento da
arquitetura e da arte. É o século de Rembrandt e outros famosos pintores.
O
declínio do comércio do açúcar e a crescente concorrência inglesa nos mercados
mundiais trouxe uma época de declínio a Amsterdam, superada somente com a construção,
no século XIX, de um canal ligando a terra dos holandeses ao Mar do Norte.
O
Porto de Amsterdam tornou-se então muito importante. O comércio de mercadorias vindas da
Indonésia (então colônia holandesa) e da América e o desenvolvimento do
comércio e lapidação de diamantes (vindos da África do Sul), fortaleceram a
cidade.
No século XX, Amsterdam viveu graves crises durante
as guerras mundiais que criaram sérias restrições ao comércio mundial.
Durante a segunda guerra foi dominada pelos
alemães que moveram cruel perseguição aos judeus holandeses que ali viviam.
Cerca de 10% da população foi deportada. A maioria morreu nos campos de
concentração nazistas.
Hoje Amsterdam tem cerca de 780 mil
habitantes provenientes de 180 diferentes países.
É, como sempre foi, uma cidade livre.
SÍNTESE DA HISTÓRIA DA HOLANDA
-600
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Domínio Celta
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-50
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Domínio romano
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406
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Invasão de tribos germânicas- domínio franco.
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925
|
Anexação ao Sacro Império Romano Germanico
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1443
|
Domínio do Duque de Borgonha
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1477
|
Domínio da dinastia de Habsburgo
|
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1581
|
Declaração de independência dos Países Baixos
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1581-1795
|
República da Holanda
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1581-1648 Guerra contra a Espanha.
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|
1648-Espanha reconhece
a independência |
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|
1652-1654- Primeira guerra com a Inglaterra.
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|
1665-1667- Segunda guerra com a Inglaterra
|
1795-1814
|
Domínio francês
|
1795- Invasão francesa. |
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|
1814-Fim do domínio
francês. |
|
|
1815-Congresso de Viena- Bélgica e Holanda formam o Reino dos
Países Baixos.
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1815-1940
|
Reino da Holanda (independente)
|
|
1940
|
Invasão alemã.
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|
1945
|
Libertação.
|
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1980
|
Rainha Juliana abdica o trono em favor da Rainha Beatriz.
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1992
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Adesão à Zona do Euro
|
PARA IR
A KLM oferece voos diretos para Amsterdam (http://www.klm.com/travel/br_br/index.htm)
– R$ 2696,00 – o preço mais baixo, ida e volta, para viajar em Outubro.
Todas as
companhias europeias oferecem voos para Amsterdam com escalas – British (Londres),
Ibéria (Madri), Air France (Paris), Lufthansa (Berlim), etc.
Os brasileiros não precisam
visto de entrada. Verifique se o passaporte tem 6 meses de validade e adquira
um seguro saúde. O tratado Schengen estabelece a obrigatoriedade de que os turistas brasileiros
visitando a Europa comprovem possuir um seguro de viagem garantindo o mínimo de
€ 30.000 para assistência médica por
doença ou acidente.