domingo, 5 de agosto de 2012

Amsterdam


Amsterdam

Amsterdam é a capital dos Países Baixos (Netherlands), mais conhecido como Holanda.


Foto: Nanci Flemming Brito





A Holanda é um país  literalmente arrebatado ao mar. Os  batavos, como também são conhecidos os holandeses, construíram uma imensa rede de diques e canais. Utilizando  moinhos vento drenaram a água do mar e evaporaram o sal. Com um imenso trabalho converteram milhares de hectares de pântanos salobres em terra boa para o cultivo e pastagem e em suas pequenas fazendas produzem milhões de litros
 de leite e toneladas de deliciosos queijos.
Amsterdam. Centro. Foto  : Adalberto Brito




A CIDADE

Amsterdam é uma cidade fantástica.

Nela convivem pessoas de centenas de origens, tradições e religiões. Não há conflitos, distúrbios, assaltos, violência. Em nenhum outro lugar vi a prática do maior dos princípios democráticos: o meu direito termina, quando começa o do outro.





A capital dos Países Baixos é uma cidade de porte médio, cuja área central pode ser percorrida a pé sem grandes dificuldades.
Estação Central de Amsterdam. Foto: Adalberto Brito


Meu ponto de referência sempre foi a estação central, um belíssimo edifício concluído em 1889, por onde passam- segundo os guias- mais de 250 mil pessoas por dia.
Dela partem trens para toda a Holanda e demais países europeus. No seu interior funciona um prático centro comercial onde se pode comprar pães, frutas, refeições prontas, gulodices, livros, jornais, roupas, artigos de higiene pessoal, quase tudo que o viajante necessite para o dia a dia.
Em frente há um ponto de táxi, paradas de ônibus e bondes e do outro lado da praça o atracadouro de barcos turísticos que  levam os visitantes às principais atrações da cidade.

Pessoas, bondes, ônibus e milhares de bicicletas. Cada um no seu lugar. Viva Amsterdam!

A partir da estação central você pode, caminhando, chegar às principais atrações da cidade, a Praça Damm, o Palácio Real, o Mercado das Flores, Museus e a Casa de Anne Frank.
Para voltar é fácil, basta seguir os trilhos dos bondes.

CUIDADO COM AS BICICLETAS

O trânsito de automóveis e outros veículos motorizados é calmo e silencioso. Passagens para pedestres em que V. pode (apertando um botão) parar o tráfego para passar e sinalização perfeita, oferecem pouco risco aos transeuntes. O perigo, no entanto, está nas milhares de bicicletas que enchem as ruas da cidade e cujos condutores esperam que V. deles se esquive. Não espere que o ciclista lhe ceda a passagem. Ele não vai parar.

COMIDA E BEBIDA

Existem centenas de cafeterias e restaurantes em Amsterdam, de todas as cozinhas do mundo, alemã, francesa, italiana, húngara, chinesa, portuguesa, tailandesa, argentina, brasileira e até holandesa.
Não se espante se o dono do restaurante argentino for filipino e o garçom italiano. Os menus são, no entanto, quase sempre típicos dos diversos países. Assim, V. vai encontrar churrasco e parillada nos restaurantes argentinos e bacalhau nos portugueses.
Nas ruas, pequenos estabelecimentos vendem deliciosas salsichas e arenque cru e defumado. Engolir um arenque cru inteiro, garganta abaixo, é feito épico para qualquer turista. Tente!
Os preços são, de maneira geral, honestos.
Num bom restaurante:
Refrigerante: 2,25 Euros.
Prato de macarrão: 15 Euros.
Filé de salmão: 19,50 Euros.
Cesar salad: 12,25 Euros.

Em muitos lugares V. encontra comida pronta, aquecida na hora e no local, pela metade do preço. Um bom pão e um 
um generoso queijo holandês são mais baratos ainda e deliciosos.

COMPRAS

Como toda cidade europeia, Amsterdam está cheia de lojas para todos os gostos e bolsos. Das populares HM e C&A a butiques de preços estratosféricos. A Holanda não é um país barato. Lembre que um belo dia (não muito distante) vai chegar a fatura do cartão de crédito. 

Queijos, chocolates, cerâmicas, tamancos típicos de madeira e miniaturas em porcelana, bijuterias e canecas são boas sugestões de presentinhos que podem ser adquiridos sem susto.

Artigos de boa qualidade (xampu, sabonete, creme de barbear, camisetas, presentes, artigos para cama, mesa e cozinha, etc.) e preços baixos V. vai encontrar na HEMA, uma rede de lojas espalhada por todo o país. É tipo uma loja de 1,99, mas com grande variedade e qualidade.


Em Amsterdam não há shoppings como os brasileiros. Enormes lojas de departamento e ruas de comércio são os locais onde se pode gastar dinheiro.

Gostei muito de duas destas lojas de departamento: De Bijenkorf e Magna Plaza, na Praça Damm.

Instaladas em belíssimos edifícios, oferecem de artigos de alto luxo a chocolates e pequenas lembranças.
Na primeira você vai encontrar um andar com dezenas de opções para almoçar e lanchar.
Você escolhe o tipo de comida que deseja, pega uma bandeja e vai montando o seu prato. Tudo é feito na hora, na sua frente. O salmão é magnífico.
No térreo há uma fantástica cafeteria com os deliciosos doces holandeses (não há doces sem açúcar). 

TEMPO

Mesmo no verão as temperaturas raramente passam de 20 graus. No inverno é muito frio. Abril e maio, no meu ponto de vista, são os melhores meses para visitar o país. É a época de florescimento das tulipas. Alguns dias são ensolarados e quentes.
Chove muito. A chuva, no entanto, compõem a paisagem e não tiram nem um pouco o encanto da cidade.

LÍNGUA

A língua dos holandeses é simplesmente incompreensível. Embora utilizem o nosso alfabeto, com algumas letras e sinais diferentes, são tantas consoantes em uma palavra que pronunciá-las é tarefa fora das nossas brasileiras possibilidades.
Como um bom país de comerciantes, a língua não vai atrapalhar a sua estada, pois todos vão tentar entender o que V. quer. O inglês e o alemão são línguas correntes que a imensa maioria da população fala fluentemente.

HOSPEDAGEM

Dezenas de hotéis oferecem opções de diárias que vão de 90 a 400 Euros. Todas as grandes redes internacionais têm propriedades em Amsterdam. Hospedei-me no Ibis Amsterdam Center e no Doubletree by Hilton Hotel Amsterdam Centraal Station (antigo Mint Hotel), com preços por volta de 99 a 200 Euros (dependendo da data e antecedência da reserva). São dois ótimos (embora sem luxo) hotéis com a melhor localização possível, ao lado da Estação Central.

O café da manhã costumeiramente não está incluído na diária. Ande alguns metros em direção da estação central e vai encontrar dezenas de cafeterias e restaurantes com preços acessíveis (há uma Starbuck e no segundo piso da estação dois excelentes restaurantes que oferecem um excelente breakfast).

A cidade é mais movimentada e os hotéis mais caros nas últimas semanas de abril, quando o florescimento das tulipas atrai milhares de turistas, principalmente nos dias que antecedem o aniversário da Rainha (30 de abril).

O dia da Rainha

O Dia da Rainha é uma festa imperdível. Os holandeses, de todos os cantos, vão para Amsterdam. A cidade se pinta de laranja (a cor nacional). Nas ruas se montam barracas de livros, roupas, aparelhos eletrônicos, quinquilharias, alimentos- tudo vendido sem imposto. Nos canais, barcos enfeitados. Muita cerveja, muita música. É o carnaval holandês.


Embora as cores da bandeira holandesa sejam a branca e a azul, laranja é a cor nacional. Esta é a cor da família real holandesa que descende da Casa de Oranje-Nassau, fundada por Willem Van Oranje (laranja) que expulsou os espanhóis dos Países Baixos.



OS MUSEUS
Se você gosta de arte: Rijksmuseum, Van Gogh Museum e Stedelijk Museum.


A CASA DE ANNE FRANK

Visitar a casa de Anne Frank é uma experiência emocionante. Nesta visita V.poderá  conhecer de perto os horrores do Holocausto (assassinato de milhões de judeus pelos nazistas durante a segunda guerra mundial).

Anne Frank foi uma menina holandesa de uma família judaica, uma das milhares de  vítimas da incompreensível perseguição aos judeus movida pelos nazistas nos países dominados pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Na casa de Anne V. poderá visitar os compartimentos onde duas famílias ficaram escondidas das tropas alemãs de  julho de 1942 a agosto de 1946 quando foram denunciadas e presa, seus móveis, utensílios, fotografias e originais dos escritos de Anne. 
No esconderijo, a pequena Anne Frank então com 15 anos, escreveu um diário em que conta seus sonhos, esperança e medo. 
Depois da guerra os manuscritos de Anne (que morreu no campo de concentração) foram descobertos por seu pai. Publicado, o “Diário de Anne Frank” tornou-se um dos livros mais lidos do mundo. 
No museu da Casa de Anne Frank você poderá assistir ainda documentários que relatam a história de Anne e dos judeus holandeses. 
No edifício há uma cafeteria e uma loja de recordações.

Outros passeios...

JORDAAN

Um bairro animadíssimo, cheio de estudantes, cafés e pequenas lojas e galerias de arte.

VONDELPARK
Um imenso, verde e tranquilo parque para recarregar as energias.


MUSEU DO DIAMANTE

Poderá ver como um diamante é lapidado e comprar de caríssimas joias a pequenas lembranças. Procure um balcão onde poderá comprar pulseiras e correntes de ouro em metro. Ouro autêntico a preços bem razoáveis.

HEINEKEN EXPERIENCE

A antiga sede da famosa cervejaria que você poderá visitar e saborear.

MUSEU JUDAICO E SINAGOGA PORTUGUESA

Marca da presença judaica nos Países Baixos. Na Sinagoga se conserva o banco em que sentava Baruch Spinoza.

Baruch ou Benedictus de Spinoza, pensador holandês de origem judaico-portuguesa que, por sua visão teológica conflitante com a Tradição e com a intelectualidade local, foi excomungado da comunidade na Sinagoga Portuguesa de Amsterdam. Apesar da excomunhão, Spinoza continuou a escrever e defender suas ideias. Faleceu na cidade de Haia.

PASSEIOS FORA DE AMSTERDAM

Zaanse Schans- Windmills (Moinhos de vento). Uma pequena aldeia com suas casas típicas onde você poderá ver os famosos moinhos de vento e visitar uma fábrica de queijos artesanais. Além de ter uma demonstração da fabricação do queijo poderá provar uma infinidade de variedades. Compre um apetitoso Gouda, mas não poderá trazê-lo para o Brasil.



Volendam- Uma aldeia de pescadores. Bonita, interessante e onde V. poderá desfrutar de uma saborosa refeição (de peixe, é claro).


Keukenhof – Exposição de flores. São mais de 30 hectares de magníficos jardins. Nos meses de Março, Abril e Maio, a época de florescimento das tulipas, V. ficará maravilhado com a profusão de cores e variedades. Imperdível.









A HISTÓRIA
Amsterdam (Amstel- rio, dam-dique), nasceu no século XII. Seus primeiros habitantes construíram diques nos pântanos nas margens do rio Amstel e passaram a controlar a passagem de mercadorias que vinham do mar Báltico. O primeiro destes diques ficava onde hoje está a Praça Dam (dam= dique), a mais importante da cidade.
A pequena aldeia cresceu e prosperou. Com o tempo, os Aemstelledammer, passaram a construir barcos, fabricar cerveja e a comerciar arenque. Em 1275 ganharam do Conde de Holanda privilégios de uma cidade livre, isto é, passaram a ter suas próprias leis. 

No século XV as perseguições da Inquisição e a expulsão ordenada pela monarquia espanhola trouxeram para Amterdam centenas de judeus sefaradis (Sefarad- Península Ibérica) a que se somaram mais tarde muitos outros fugidos de Portugal. 
O capital, conhecimento científico e tecnologia trazidos pelos judeus se somaram ao natural empreendedorismo dos comerciantes locais, fazendo com que a região tivesse um extraordinário desenvolvimento. 
No final do século XVIO navios de mercadores holandeses passaram a cruzar o Atlântico e o Índico, trazendo e levando mercadorias.
 Em 1602 fundou-se a Companhia das Índias Ocidentais, a primeira grande empresa multinacional da história. Foi esta companhia que financiou a implantação da lavoura de cana de açúcar no nordeste brasileiro, que se tornou o maior centro produtor de açúcar do mundo. O açúcar, que na época alcançava altos preços no mercado mundial, enriqueceu a Companhia,  o governo português (com os impostos), os donos de engenho, comerciantes portugueses e Amsterdam que viveu o seu século de ouro. Não se pode esquecer, no entanto, que esta riqueza foi alcançada com o trabalho e sofrimento dos escravos negros trazidos da África e que eram as mãos e os pés do Senhor de Engenho (Antonil).
Em 1580 o Brasil passou para o domínio espanhol e os holandeses perderam a concessão do comércio do açúcar. Em 1630 uma esquadra financiada pela Companhia das Índias Ocidentais invadiu Pernambuco. Recife tornou-se a nova capital do Brasil Holandês. A cidade cresceu, foi embelezada e como Amsterdam,tornou-se um lugar de liberdade. Um grande número de judeus ali se estabeleceu a quem se juntaram famílias que tinham sido obrigadas a se converter ao catolicismo pelo governo português (cristãos novos). Em Recife foi aberta a Kahal Zur Israel (Congregação Rochedo de Israel), a primeira sinagoga (lugar de oração judaico) do continente americano.
Em 1654 os holandeses deixaram o Brasil e com eles foram a maioria dos judeus que vivia no Recife. Um grupo acabou desembarcando em Nova Amsterdam (atual Nova York) e teve importante papel nas primeiras décadas da cidade (onde existe um cemitério dos portugueses). Nela fundaram a congregação Shearit Israel, a primeira comunidade judaica dos Estados Unidos.
Em Amsterdam, nesta época, começaram a ser construídos os belos canais que cortam a cidade e houve o florescimento da arquitetura e da arte. É o século de Rembrandt e outros famosos pintores.
 O declínio do comércio do açúcar e a crescente concorrência inglesa nos mercados mundiais trouxe uma época de declínio a Amsterdam, superada somente com a construção, no século XIX, de um canal ligando a terra dos holandeses ao Mar do Norte. 
O Porto de Amsterdam tornou-se então muito importante. O comércio de mercadorias vindas da Indonésia (então colônia holandesa) e da América e o desenvolvimento do comércio e lapidação de diamantes (vindos da África do Sul), fortaleceram a cidade.
No século XX, Amsterdam viveu graves crises durante as guerras mundiais que criaram sérias restrições ao comércio mundial.
Durante a segunda guerra foi dominada pelos alemães que moveram cruel perseguição aos judeus holandeses que ali viviam. Cerca de 10% da população foi deportada. A maioria morreu nos campos de concentração nazistas.
Hoje Amsterdam tem cerca de 780 mil habitantes provenientes de 180 diferentes países.
É, como sempre foi, uma cidade livre.


SÍNTESE DA HISTÓRIA DA HOLANDA

-600
Domínio Celta
-50
Domínio romano
406
Invasão de tribos germânicas- domínio franco.
925
Anexação ao Sacro Império Romano Germanico
1443
Domínio do Duque de Borgonha
1477
Domínio da dinastia de Habsburgo
1581
Declaração de independência dos Países Baixos
1581-1795
República da Holanda
1581-1648 Guerra contra a Espanha.


1648-Espanha reconhece a independência


1652-1654- Primeira guerra com a Inglaterra.


1665-1667- Segunda guerra com a Inglaterra
1795-1814
Domínio francês
1795- Invasão francesa.


1814-Fim do domínio francês.


1815-Congresso de Viena- Bélgica e Holanda formam o Reino dos Países Baixos.
1815-1940
Reino da Holanda (independente)
1940
Invasão alemã.
1945
Libertação.
1980
Rainha Juliana abdica o trono em favor da Rainha Beatriz.
1992
Adesão à Zona do Euro



PARA IR

A KLM oferece voos diretos para Amsterdam (http://www.klm.com/travel/br_br/index.htm) – R$ 2696,00 – o preço mais baixo, ida e volta, para viajar em Outubro.
Todas as companhias europeias oferecem voos para Amsterdam com escalas – British (Londres), Ibéria (Madri), Air France (Paris), Lufthansa (Berlim), etc.

PRECISA VISTO?

Os brasileiros não precisam visto de entrada. Verifique se o passaporte tem 6 meses de validade e adquira um seguro saúde. O tratado Schengen estabelece a obrigatoriedade de que os turistas brasileiros visitando a Europa comprovem possuir um seguro de viagem garantindo o mínimo de € 30.000 para  assistência médica por doença ou acidente.


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